Família comemora 90 anos da matriarca Dona Bicota

Sábado, 31 de janeiro, será um dia muito especial para a santa-vitoriense Orcalina Cândida de Araújo, a popular Dona Bicota, quando ela estará comemorando 90 anos de idade.
Dona Bicota, nascida na região do Córrego das Perobas, em 1925, é filha do casal José Cândido Ferreira e Maria Bárbara de Araújo – uma das primeiras famílias a residir em Santa Vitória.
Em 5 de fevereiro de 1940, seis dias após completar 15 anos, Dona Bicota se casou com José Francisco da Silva, o Zé Ferreirinha. Desta união, nasceram doze filhos: Sebastião (Tiãozinho do Cartório), Orestes, Maria José, Pio Cândido, Adriano, José Wilson (* falecido quando criança), Belozir, Vicente, Valdemar (Xaxado), João Batista, Maria Aparecida e Célia Maria, que lhe deram 34 netos e 27 bisnetos.
No final da década de 1960, Dona Bicota veio morar na cidade de Santa Vitória, nas imediações da Avenida Dom Eduardo. Naquela ocasião, veio morar apenas com os filhos, sendo dez deles, menos o Tiãozinho do Cartório, que na época era casado. O marido, desde então, preferiu morar fazenda, ou seja, não quis vir morar na cidade.
Na casa em que morou na Avenida Dom Eduardo, a família ficou por alguns meses, até que se mudaram para a residência fixa, localizada na Rua Acre, praticamente no meio do mato, para a época.
Ali morando, Dona Bicota trabalhou como salgadeira e doceira. Nas horas vagas ainda fazia sabão para vender.
Entre os seus afazeres, trabalhando e zelando dos filhos, Dona Bicota se destacava pelas boas ações, sempre ajudando as pessoas carentes. Sua casa era visitada diuturnamente por pessoas carentes dos bairros Vila Rica e Dom Alexandre e de outras partes da cidade, que iam até o local pedir um pedaço de pão (ou até mesmo um salgado) para saciar a fome dos filhos. Com dificuldade, ou não, Dona Bicota abria aquele sorriso e estendia a mão àquela família ou pessoa. Jamais negou ajuda ao próximo.
Certa vez, o juiz da Comarca de Santa Vitória, Paulo Roberto Caixeta, fez uma visita formal ao Cartório do filho Tiãozinho – situado a frente de sua residência.
Na ocasião, o juiz sentiu um cheiro de assado de quitanda, que vinha casa de Dona Bicota. Então comentou:
– Tiãozinho, a Dona Bicota tá fazendo algo muito gostoso. Vamos lá dentro.
Ao adentrar na casa, Dona Bicota recebeu o juiz com um largo sorriso e o serviu uma quitanda e um cafezinho quentinho.
O juiz, ao ver aquela grande remessa de quitandas assadas, indagou para quê ou para quem era aquilo tudo.
– Essas quitandas “é pros presos”. Sempre que posso, eu levo quitandas para eles. – respondeu Dona Bicota.
– Mas, Dona Bicota, se aquele pessoal está lá, é porque eles não merecem.
A resposta de Dona Bicota foi de encher os olhos:
– Mas, lá, doutor, tem gente que já foi freguês meu, ou algum que, quando era criança, vinha aqui pedir algo para comer quando estava em dificuldade.
O juiz, naturalmente, ficou sem palavras, mas entendeu o sentido no nobre gesto daquele coração bondoso.
Por fim, comemorar aniversário de 90 anos de idade, é olhar para traz com a experiência de quem já viveu bastante, trazendo nos ombros a bagagem da sabedoria e principalmente da gratidão a nosso Senhor Jesus Cristo.
Sobre a data, Dona Bicota diz se sentir muito feliz, não só por ter a dádiva de chegar aos 90 anos de idade, mas, principalmente, por ver seus onze filhos e seus descendentes bem criados e, acima de tudo, honestos. “Dou muito graças a Deus por tudo, é tanta felicidade que não cabe em meu coração”, pontuou.
Para celebrar tão importante data, uma Missa em Ação de Graças, pelos 90 anos de idade de Dona Bicota, será celebrada neste sábado, às 10 horas da manhã, na Igreja Nossa Senhora das Vitórias.

